Ah, Paul Newman, eu amava você.


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meu encontro com drew barrymore




(My Date With Drew)
Documentário
EUA, 2004
De Jon Gunn, Brian Herzlinger e Brett Winn


"Se você não correr riscos, você terá uma alma perdida". Drew Barrymore


Brian Herzlinger é um cara de 27 anos, apaixonado por Drew Barrymore desde que era criança, quando assistiu ET. Depois de ganhar um prêmio em dinheiro num game show - graças a uma pergunta sobre a atriz - aluga uma câmera e se une a dois jovens cineastas para fazer um documentário.


Tem 30 dias e 1100 dólares para marcar um encontro com a estrela e não mede esforços pra isso. É como uma gincana. Graças à teoria dos seis graus, Brian consegue ir percorrendo um caminho, sempre na base do fulano que conhece sicrano que conhece alguém que conhece a atriz. O ator Eric Roberts, irmão de Julia Roberts, é uma das pessoas que tenta ajudar o nerd. John August, roteirista de As Panteras, também. Os dias vão passando e o dinheiro acabando, de tanta limpeza de pele, roupas novas, corte de cabelo, musculação. O mais famoso locutor dos traillers americanos grava um dvd sem cobrar. Brian falsifica crachás para a festa de pré-estréia de As Panteras Detonando e outras coisas mais. Quando constrói um site pedindo help aos americanos, as coisas se tornam mais tranqüilas e a atriz toma conhecimento do sonho de seu fã.

A idéia é boa, o filme tem momentos engraçados, é legal que o cara tenha um rosto banal. O problema é sua falta de carisma. Às vezes parece bastante bobo para a idade, mas como cresceu nos anos 80, fica mais fácil entender sua fixação por heróis de plástico e os goonies. Dá uma agonia louca esperar Drew Barrymore entrar em cena. Não me entusiamou torcer por ele e sim que o longuíssimo prazo terminasse logo.

Pode ser legal, se você tiver a mesma fixação pela lourinha.

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grandes finais




sabe que eu não consigo rever esse final? me-do.

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e o vento levou


"Não vou beijá-la, apesar
De estar precisando disso.
Deveria ser beijada sempre,
E por quem soubesse beijar
”.

Reth Butler, para Scarlet O’Hara



O que se comenta é que o verbo não seria beijar. Mas, enfim, beijar era o que podia ser dito na época.

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as pontes de madison




(The Bridges of Madison County)

EUA, 1995. De Clint Eastwood. Com Meryl Streep e Clint Eastwood.



Robert: Não sente um aroma especial?
Francesca: Eu moro aqui.


Francesca (Streep) é uma dona de casa que vive para o marido e os filhos e mora num lugar onde não há nada por perto. Apesar de amá-los, se ressente um pouco de sua vida sem emoções. Quando sua família viaja para uma feira rural, ela sente uma leve culpa por estar tão feliz. São quatro dias só para ela, que aproveita para ouvir ópera no rádio, tomar chás gelados, caminhar descalça e um monte de coisas banais que ela nunca tem tempo de fazer. Um dia Robert (Eastwood) pára a caminhonete em frente à sua porta para pedir uma informação - ele quer saber onde ficam as famosas pontes. Francesca tenta lhe explicar sem sucesso e resolve acompanhá-lo para indicar o caminho. Robert é fotógrafo freelancer da National Geographic e está indo fazer um ensaio sobre as pontes de Madison. Enquanto ele fotografa, Francesca experimenta uma sensação de liberdade. Ele oferece um cigarro, ela aceita; um gole de cerveja - por que não? Depois os dois almoçam juntos na casa dela. Francesca não está acostumada a flertar, por isso parece tão encantadora. A parte que mais gosto é quando eles vão jantar - ainda não estão vivendo um romance - e o telefone toca. Ele está sentado na mesa e enquanto ela fala rapidamente com uma amiga, conserta o colarinho dele e depois coloca a mão em seu ombro e ele coloca a mão sobre a dela - uma cena cheia de delicadeza e erotismo. Francesca abandona o avental por uns dias, saem para dançar, falam das suas vidas, se apaixonam.



“Os velhos sonhos eram bons sonhos, não se realizaram, mas foi bom tê-los." Francesca


Meryl Streep está com os cabelos castanhos e um pouco mais cheinha por conta da personagem. Sua interpretação é perfeita, a maneira como usa as mãos, a timidez. Uma atriz maravilhosa. Não sei se já passou a moda dizer que ela é chata, e nem sei por que começou. Talvez porque a atriz tenha concorrido a 13 Oscars e ganhado dois, por Kramer x Kramer e A Escolha de Sofia. Além de atuar, Clint Eastwood produziu e compôs uma das músicas do filme. Lena Olin e Sonia Braga foram cogitadas para interpretar Francesca. O mesmo carro do filme foi usado em O mundo perfeito, com Kevin Costner.

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saramago assiste ensaio sobre a cegueira, de fernando meirelles





Nunca vi um youtube tão emocionante. Obrigada, Fred.


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marlon brando e montgomery clift


brincando de cinema mudo.


O jornalista Sérgio Augusto contou que "o apresentador e o sujeito em cuja casa foram feitas as filmagens, Kevin McCarthy, além de ator (Invasion of the Body Snatchers, a primeira versão) é irmão da Mary McCarthy.".

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a malvada





(All About Eve)EUA, 1950 . Roteiro e direção de Joseph L. Mankiewicz. Com Bette Davis, Anne Baxter, George Sanders e Marilyn Monroe.
Indicado para 14 Oscars, recebeu 6: filme, diretor, roteiro, ator codjuvante (Sanders), figurino em p&b e melhor som. Globo de Ouro de melhor roteiro.

“Apertem os cintos de segurança. Vai ser uma noite turbulenta." Margo Channing


No início do filme, Eve (Baxter) está recebendo um importante prêmio teatral. A história, narrada em flashback, mostra a escalada profissional da atriz sem nenhum pudor, que se faz de boa moça a fim de se aproximar de Margo Channing, grande dama da Broadway, de quem é fã de carteirinha, para em seguida dar o bote. A estrela é interpretada por Bette Davis, o supra-sumo. Com diálogos divertidos e sofisticados, A Malvada mostra os bastidores do teatro, com muita ironia. Filmaço.

Recém-divorciada, Bette Davis estava abalada e sua voz ruim. Por isso várias cenas precisaram ser dubladas por ela na pós-produção do filme. Eddie Fisher aparece nos créditos, mas sua única cena foi cortada.

Dança das cadeiras


Marlene Dietrich foi a primeira atriz escolhida pelo diretor, que depois tentou Claudette Colbert, mas ela estava adoentada. Ronald Reagan e Nancy Davis também foram cogitados para os papéis principais.

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marilyn monroe


o cinema e a dança 7



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Lolita




(Lolita) EUA,1962 . De Stanley Kubrick. Roteiro de Vladimir Nabokov. Com James Mason, Shelley Winters, Sue Lyon e Peter Sellers.

A paixão de Humbert Humbert (Mason), um professor quarentão, por uma sedutora ninfeta de 14 anos (Lyon), filha de uma fogosa viúva (Winters), com que ele acaba se casando para ficar mais perto da adolescente. Maravilhoso filme, a começar pela abertura. Sue Lyon tinha 16 anos quando rodou Lolita. No livro, a menina tem 12.

(Repare bem, é impressionante como Robin Williams foi influenciado pelo humor de Peter Sellers, que está bárbaro no filme.)


Extra Marlon Brando, David Niven e Peter Ustinov foram nomes cogitados para interpretar de Humbert Humbert. Laurence Olivier foi convidado, mas não aceitou. O nome de Errol Flynn também foi sugerido - coincidentemente, um ator que se envolveu com uma menor de idade, tendo sido inclusive levado a julgamento e absolvido por um júri composto basicamente de mulheres.



Lolita, light of my life, fire of my loins. My sin, my soul. Lo-lee-ta: the tip of the tongue taking a trip of three steps down the palate to tap, at three, on the teeth. Lo. Lee. Ta.

Lolita, luz da minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha alma. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta.

(Do livro Lolita, de Vladimir Nabokov)



COMENTÁRIO


Ah, eu gosto muito do filme, e amo o livro. Minha tese de mestrado foi sobre como a ironia do livro foi (ou não) transposta pro filme do Kubrick e pro do Adrian Lyne. Minha conclusão? "Lolita sem ironia é como Titanic sem o navio". Lola

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tomates verdes fritos




vegetarianos e vegans


Doris Day
Rodrigo Santoro
Kim Basinger
Samuel L. Jackson
Claudia Cardinali
Joaquin Phoenix
Diane Keaton
Brad Pitt
Jamie Lee Curtis
Jude Law
Darryl Hannah
Liv Tyler
Tobey Maguire
Pamela Anderson
Jennifer Connely
Robert Redford
Lucélia Santos
Rosana Arquette
Candice Bergen
Natalie Portman
William Dafoe
Naomi Watts
Richard Gere
Oliver Stone
Brigitte Bardot
Drew Barrymore
Orlando Bloom
Nathalie Baye
Linda Blair
Mel Gibson
Lisa Bonet
Kate Winslet
Alicia Silverstone

*Tomates verdes fritos (Fried Green Tomatoes).EUA /Inglaterra - 1991. De Jon Avnet. Com Kathy Bates.

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Dogville





(Dogville)

França, 2003. De por Lars Von Trier. Com Nicole Kidman, James Caan, Paul Bettany, Chloë Sevigny e Lauren Bacall.


“Não acredito em pessoas más. O convívio social é que extrai o melhor ou o pior de cada um de nós.” Lars Van Triers


A série “O Senhor dos Anéis” serviu de inspiração para o cineasta: era tudo que ele não queria fazer. O diretor foi o fundador do cinema DOGMA, manifesto assinado por vários cineastas dinamarqueses, em repúdio ao cinema feito de efeitos especiais. Embora Dogville não se autointitule Dogma, o cenário é teatral e os arbustos e o cachorro são desenhados a giz.


O que interessa no caso são as palavras e atitudes de seus personagens. É sobre hipocrisia e cinismo e também uma espécie de conto de fadas sobre a crueldade.

Gracie (Nicole Kidman, linda com franjas irregulares) chega a um vilarejo de 15 habitantes, fugindo de um grupo de gangsteres. Um rapaz chamado Tom, filósofo da cidade, resolve abrigá-la mas pra isso precisa contar com a generosidade dos outros habitantes. Então ele promove uma de suas reuniões, onde as pessoas comparecem porque há poucas coisas para se fazer num lugar onde só existe uma rua. Os moradores decidem que Gracie poderá se esconder ali, desde que preste serviços à comunidade. Mas a comunidade nunca está satisfeita e cada vez exige mais da garota, mostrando o modo como as pessoas se comportam quando agem em grupo e têm algum tipo de poder nas mãos. Por que Grace se sujeita a tantas humilhações? Li um texto que mais ou menos compara a protagonista a Jesus Cristo, lutando por uma consciência coletiva, dando a outra face - eles chegam a amarrá-la, como se ela estivesse crucificada mesmo.


Apesar das suas três horas de duração, o filme não é arrastado. Pelo contrário, é um filmaço. E o final inesperado foi aplaudido de pé em alguns cinemas da cidade. Quando a história termina são mostradas fotos em preto e branco tiradas pelo governo americano durante a crise de 29, ao som de Bob Dylan.

(James Caan aparece poucos minutos, o suficiente para mostrar uma atuação espetacular)

Dogville faz parte de uma trilogia passada na América (Lars não concorda que se diga que são filmes anti-americanos) e, embora o cineasta nunca tenha visitado os Estados Unidos (inclusive tem medo de avião), despreza a ideologia deste país. Nicole Kidman brigou muito com o diretor e preferiu não participar das continuações, a atriz não conseguiu assistir ao filme durante uma projeção especial. "Foi difícil assistir. A tela é enorme e o som e a situação... Achei que era me expor demais. Então, saí". Os cariocas foram os últimos espectadores a assistir a versão integral do filme, que foi diminuido para facilitar sua venda.


"Quando um garoto com um mouse torna tudo possível, o cinema fica chato”. L.V.T.



Dogma nasceu para provar que qualquer pessoa pode pegar uma câmara e fazer um filme. Não é preciso tanto dinheiro como se pensa: a idéia do cinema como superprodução é para ser superada, é uma bobagem, é antiquada. Bom uma câmera na mão e mil idéias na cabeça já está rodada, a Nouvelle Vague e o Cinema Novo, por exemplo, chegaram antes da sacada original de Trier.

Lars fez um filme anti-dogma, o musical Dançando no Escuro, com a cantora Björk, que pode ser chamado de uma superprodução. O filme é cult.

Em Manderlay, continuação de Dogville, o cineasta pensou em sacrificar um burrinho e o animal, estressado, acabou entrando em estado de choque. A perversidade fez com que o ator John C. Reilly abandonasse as filmagens. Lars debochou do ator e acabou dispensando a cena para que esse ato de brutalidade (que revoltou as entidades que protegem os animais) chamasse mais atenção nos meios de comunicação do que o próprio filme. Muitas vaias para ele. Sai fora.





REGRAS DO CINEMA DOGMA


1. As filmagens devem ser realizadas em locações. Acessórios e cenários não devem ser utilizados (se um acessório particular se faz necessário devido à história, deve ser escolhida uma locação da qual tal acessório faça parte).
2. O som nunca deve ser produzido separadamente das imagens e vice-versa (a música não deve ser utilizada, a não ser que esteja sendo tocada no lugar onde a cena está sendo filmada).
3. A câmera deve ser sempre segurada com a mão. Qualquer movimento ou imobilismo que possa ser obtido com a câmera, desde que segurada com a mão, é permitido (o filme não deve "ocorrer" no lugar onde a câmera está posicionada; a filmagem é que deve ocorrer onde o filme está "acontecendo").
4. O filme tem que ser em cores. Efeitos de iluminação não são aceitáveis (se a luz é insuficiente para a exposição, a cena deve ser cortada ou uma única luz deve ser acoplada à câmera).
5. Efeitos óticos e filtros são proibidos.
6. O filme não deve conter ação superficial (assassinatos, armas, etc...não devem aparecer).
7. A alienação temporal e geográfica é proibida (i.e., o filme deve acontecer aqui e agora).
8. Filmes de gênero não são aceitáveis.
9. O formato cinematográfico deve ser o de 35 mm.
10. O diretor não pode receber crédito.

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